quarta-feira, janeiro 25, 2017

Impossível esquecer

Miklós Fehér deixou-nos há já 13 anos. Lembro-me como se fosse ontem. De Manto Sagrado vestido em pleno jogo no Estádio D. Afonso Henriques. Despediu-se do mundo com um sorriso. Dos dias mais tristes da história do Benfica e do futebol.

Há 13 anos por volta desta hora ia eu a caminho da cidade onde tirei o meu curso. Era o meu primeiro ano de universidade. Nesses anos nem sempre podia ver o Benfica jogar. Muitos dos jogos eram ao domingo ao fim da tarde e noite quando eu ia de viagem. Lembro de nesse dia ter sido difícil ir embora. Os domingos à tarde eram particularmente difíceis mas nesse lembro-me que não me apetecia mesmo nada ir embora. Mas tinha que ser. Quando cheguei à minha residência o Benfica já jogava. Jantei e fui para o quarto ouvir o relato como tantas vezes enquanto arrumava a mala. A mala não abria. A chave de segurança não dava. Tive que a abrir à força e estraguei-lhe o fecho. Nada parecia estar bem nesse dia. Nem o Benfica marcava... Esteve empatado quase até ao fim do jogo. Aos 90 lá surgiu o golo do alívio mas logo a seguir aconteceu aquilo que nunca irei esquecer. Fehér vê um amarelo e cai inanimado no relvado. Foi isto que eu ouvi:


Também eu caí de joelhos em frente ao rádio. Fiquei por momentos sem saber o que fazer. Recebo chamada de casa para me acalmarem porque já sabiam como eu devia estar. Corro para a televisão para perceber o que se passa. Mantinha-se a esperança que o salvassem no hospital, não aconteceu. Mau demais para ser verdade. Toda a noite sem dormir. Quando fechava os olhos tinha pesadelos que eram realidade quando os abria. Jamais irei esquecer esse dia. 

Mikos Fehér partiu muito cedo, tinha apenas 24 anos. Deixou-nos de águia ao peito. O Benfica imortalizou o seu número. O número 29 nunca mais será vestido por ninguém. Será eternamente de Fehér.

O dia 25 de Janeiro de 2004 entristeceu o mundo do futebol, do Benfica e de Eusébio. O nosso Rei fazia anos nesse dia. Foi um duro golpe para ele também que celebrava 62 anos. Também já nos deixou. Faria hoje 75 anos. Estejam eles onde estiverem, Eusébio continuará a ser o nosso Rei e Miki Fehér será sempre um dos nossos.


O Benfica nunca os esqueceu nem esquecerá. E tem para cada um bonitas homenagens no Museu Cosme Damião. Aliás o nosso museu é um excelente espaço para relembrar todos aqueles que fizeram parte da história do Glorioso.

Que descansem em paz!

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