Quase a entrar em campo... Este é o primeiro torneio da pré-época que os Tricampeões vão realizar. Já houve um jogo contra o Cova da Piedade onde o Benfica venceu por 4-0. Mas este jogo terá transmissão televisiva. Que saudades! Finalmente o regresso do Tricampeão!
Foi também de Eusébio que me lembrei muito, durante e depois do jogo. Se havia alguém que merecia este título há muito tempo era ele, o Rei! Não sei se ele encarnou na borboleta, se no Éder, só sei que esteve sempre lá e que este título foi para ele também. Portugal fez-lhe uma justa homenagem lembrando-o nos festejos. E claro que o Guilherme Cabral também não se esquecia...
Eu confesso que não consigo sofrer pela Seleção como sofro pelo meu Benfica. Não sei explicar porquê, são coisas que ou se sentem ou não se sentem, não é possível controlar. Não tem nada a ver com gostar de Portugal ou ser patriota. Eu amo o meu país e orgulho-me de ser portuguesa. A nossa história é motivo de honra para qualquer português.
Mas no futebol já vibrei mais com a nossa Seleção, quando tinha aqueles que me fizeram gostar de futebol, João Vieira Pinto e Rui Costa, mais tarde com Nuno Gomes chegando ainda a jogar todos juntos. Até ao Euro 2004 vivia intensamente a Seleção. E esse Euro foi uma loucura, uma crença que nos levou à final e à grande desilusão. A partir daí fui-me desligando aos poucos da Seleção. As prestações também foram sendo cada vez piores. E nesta qualificação nem liguei nenhuma. Mas apuramos-nos e sem calculadora. Mesmo assim eu não via equipa para grandes aventuras. Achei que íamos ter uma prestação desastrosa, não via valor naquele conjunto. Já tínhamos tido Seleções tão boas e não conseguimos, como ia ser com esta?
Não estava nada motivada para este Euro 2016, tinhas as expectativas muito baixas quanto à nossa Seleção. Mas aquele vídeo do Guilherme Cabral tocou-me, como vem sendo hábito com os vídeos do nosso clube. Ele consegue chegar ao nosso coração e transmitir na perfeição aquilo que nos vai na alma. E dessa vez ele emocionou um país, a nação portuguesa. Nesse vídeo onde recordei como vivi o Euro 2004, como sofri e chorei na final fez-me querer voltar a viver essas emoções. Ver o nosso Rei, como ele sofria pela Seleção... arrepia. E como ele deve estar a sofrer lá onde nos está a ver.
Lá fiquei mais entusiasmada a ver no que dava. Mas a crença continuava a não ser muita. E eu não sou nada assim, com o meu Benfica acredito sempre, sempre e até ao fim. O pior é que a equipa não me empolgava nada. Na fase de grupos lá teve que vir a calculadora do costume, num grupo que parecia fácil mas que se provou que não era bem assim. Depois foi ganhar um jogo no prolongamento e outro nos penalties. Sorte? Talvez... Mas faz parte do jogo. E o futebol é assim. Fernando Santos, melhor do que ninguém, sabia quem tinha e com quem contava, não perder chegava e dava para passar. Calhamos por obra do acaso no lado certo das eliminatórias. Mas na vida, como no futebol, nem tudo é por acaso. A sorte também se procura e ela protege os audazes. Aos poucos foram melhorando e a verdade é que estamos na final. E agora? Agora tudo é possível, agora até eu acredito. Nunca pensei, juro. Mas agora já acho que somos a Grécia deste Europeu. Sem fazer muito vamos ganhar isto. E que bom que era fazer o que os gregos nos fizeram, roubar o título ao anfitrião.
Amanhã Portugal volta a disputar a final de um Campeonato da Europa. Às 20 horas do dia 10 de Julho de 2016, na final Portugal-França, Portugal pode ficar na história. Desta vez somos nós os intrometidos que chegaram à final contra todas as expectativas e com muitas críticas sobretudo do adversário. Mas quem chegou até aqui tem toda a legitimidade para sonhar. Para eles parece que já está ganho. É bom que pensem assim. A nós cabe-nos acreditar, sonhar e lutar para tornar o sonho realidade. Com a França temos muitas contas a ajustar. Não será uma questão de vingança mas sim uma questão de justiça. A conquista de um Europeu é algo sonhado há muito tempo. Se há povo que merece esta alegria é o povo português. Digam o que disserem nós somos diferentes. Somos um povo de lutadores, de conquistadores. Nascemos neste pequeno cantinho à beira mar plantado. Daqui os nossos antepassados partiram para conquistar o Mundo, sem medos. Podemos ser pequenos mas somos destemidos. O típico português enfrenta tudo e desenrasca-se sempre. E não pensem que somos poucos. Em cada canto do Mundo há um português, somos muito mais que 11 milhões.
Amanhã em cada jogador transportem a vontade da Nação, mostrem de que massa somos feitos, honrem o passado, encham-nos de orgulho e sejam Portugal!
Como disse Pessoa: "Falta cumprir-se Portugal"
Aqui na voz de Guilherme Cabral
Que a Torre Eiffel se volte a pintar de vermelho e verde!