terça-feira, dezembro 07, 2010

Octávio Ribeiro: Grande Elmano

No futebol há um protagonista que quanto mais passa discreto, mais brilha. O bom árbitro deve apitar o mínimo possível. E bem.

A nossa cultura na arbitragem é o contrário da máxima que deixei nas linhas de cima, que aliás está longe de ser original. Todos os jogadores, treinadores, e alguns meros teóricos repetem esta ideia sem que se consiga resultado prático. O árbitro que esteve mais perto de aplicar estes simples princípios, Pedro Henriques, depressa foi trucidado pelo poder dominante.

É a apitar muito para segurar o jogo, num concerto de apito por cada jogador caído ao mero sopro, que se vai longe na arbitragem portuguesa. Tudo isto a propósito da exibição de Elmano Santos no FC Porto-V. Setúbal na noite de ontem. Elmano esteve ao nível ditado pelos manuais nacionais.

Se tivesse arbitrado de forma discreta, ninguém hoje se lembraria dele. Assim, é motivo de conversa entre bicas no Continente e Ilhas. Está cumprida a missão. Alucina dois penáltis, um para cada lado. Já no final, deixa o Estádio do Dragão à beira de um ataque de nervos. Logo depois, salva a estrela líder do campeonato na última cena de um filme, que só pelo ridículo não é digno de Hitchcock, e pode sair impante do dever cumprido. Por uma vez não apitou, gesticula.

Vai ter nota alta na atávica avaliação deste pobre status quo.

Enquanto quem arbitra assim fizer longas e frutuosas carreiras na elite do futebol português, encontramo-nos a meio caminho entre a Europa e coisa nenhuma. Neste peculiar retângulo com ilhas.

Quem segue o futebol brasileiro ou argentino sabe que só nos mais recônditos lugares de África se pode encontrar paralelo com o que se passa na arbitragem em Portugal. Onde o mérito não conta nada. Ou melhor – onde mérito é ser incapaz de deixar fluir o jogo e passar despercebido.

Octávio Ribeiro in Record Online

3 comentários:

GIL VICENTE disse...

Para dar uma de neutro, é claro que este melro junta letras teria de tentar fazer uma igualdade de coisas desiguais.
O penalti a favor do FC Porto foi uma invenção, tal como a repetição do penalti contra ele.
O penalti a favor do Setúbal foi a constatação da realidade, uma branca do árbitro que, com a verdade dos factos, se enganou! Mas depressa emendou a mão!

Carlos Alberto disse...

Acho que a palavra correcta que este director de um 'jornal que é vendido na papelaria dos pais do Rui Costa' usou foi FRUTUOSA. Aposto que foi sem querer... LOL

Maria João disse...

Tens razão, é muito bom estarmos na Liga Europa,e infelizmente tenho pena de reconhecer que não o lá estamos por mérito completo, o que me deixa um pouco triste pois temos a maior das capacidades para ir e vencer. Espero que agora se inicie um novo ciclo; bem ao nosso jeito, o jeito BENFIQUISTA....

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