To: José Mourinho
Caro José Mourinho
Notável, a forma como reagiste à maior derrota da tua carreira, a goleada de segunda-feira em Camp Nou. A digestão foi fácil, disseste, porque a tua equipa jogou muito mal e o Barcelona muito bem; e também porque não houve razões de queixa da arbitragem ou bolas ao poste. Tiro-te o meu chapéu, em dose tripla. Primeiro, porque é verdade, o Real esteve muito fraco e o adversário muito inspirado. Depois, porque discutir as vitórias alheias, barafustando contra árbitros ou alimentando polémicas estéreis, é a melhor forma de encapotar as fraquezas, negando a realidade, e isso é o mais habitual, principalmente entre os lusitanos. Ao surpreenderes toda a gente com a verdade, mataste qualquer discussão. Apenas cinco dias depois do jogo, já passou, não ficou nenhum trauma ou celeuma. Foi brilhante a forma como retiraste a pressão à tua equipa, diluindo a dor de 5 golos em 5 minutos. E, em terceiro lugar, tiro-te o meu chapéu porque ao dizeres o que disseste, provas que és mesmo o melhor do Mundo, pois evoluíste. No Porto, no Chelsea, mesmo no Inter, havia sempre em ti um perfume de mau perder. Agora, há maturidade e verdade. Como dizia Darwin, quem sobrevive não são os mais fortes, mas os mais adaptáveis…
A diferença cá para os nossos é abissal. Jesus, depois de levar 5 do FC Porto, só falava em Hulk, justificando-se, metendo os pés pelas mãos, vergado e humilhado. Villas-Boas, por seu lado, por cada empate enlouquece e é expulso, levando-nos a questionar o que faria se tivesse perdido. Que diferença…
Domingos Amaral in Record online
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