Terá perdido, em múltiplas ocasiões, oportunidades de se insinuar junto dos “tribunais populares”, permeáveis ao gesto largo e espalhafatoso, por ser discreto e por ter ganho a calma que os longos anos de futebol e de “casa” lhe valem. Dir-se-á, até, que nos anos mais chegados, desvalorizando a ansiedade pelo golo a favor do jogo em prol da equipa, também se tinha tornado um atleta discreto. Tal não impediu que, em ocasiões distintas e pela voz de comando de sucessivos treinadores, tenha sido chamado a múltiplas missões e a todas elas se tenha entregue com igual fervor e aplicação.
Recordo os momentos em que foi desviado da frente de ataque para a posição de playmaker - com êxito assinalável, tendo em conta a sua técnica e a visão de jogo. Lembro os momentos de sufoco para a sua equipa, em que foi sempre capaz de dar o exemplo e, sem esquecer o seu papel primordial de atacante, apareceu como primeiro defensor. Evoco, em nome da épocas mais recentes, a sua infinita disponibilidade para uma longa permanência no banco de suplentes - e até na bancada - em nome dos interesses da equipa, sem que se lhe ouvisse um queixume público, sem que reclamasse a antiguidade como um posto, antes mantendo viva e activa a autoridade natural ganha no balneário e no “grupo de trabalho”, chegando a dar o peito às balas mesmo sem entrar em campo.
Agora, sem fazer ondas nem lançar recriminações contra ninguém, anunciou a disposição de deixar o clube que o fez gente no mundo do futebol e que ele próprio ajudou a engrandecer. Tê-lo-á feito depois de uma prolongada reflexão e por ter concluído que maior do que o seu amor à camisola só há mesmo outro amor: aquele que dedica à sua actividade profissional, que é uma paixão chamada futebol. Mais uma vez, o capitão voltou a ser discreto, limitando-se a defender que ainda se sente à altura de jogar e de partilhar alegrias sobre os relvados.
Chegou a ser um mal amado na equipa, mesmo pelos que reconheciam a sua importância nos equilíbrios no clube. O facto de ser um jogador fino - nada tem a ver com défices de entrega e de alma - levou-o a receber assobios. Hoje, é aceite como símbolo, algo que herda em via directa de alguns dos maiores de sempre no clube que representa. E não é preciso ser adivinho para vaticinar que o Benfica, mesmo em fase de poder e de saúde, vai sentir a falta de um homem - e de um jogador - como Nuno Gomes. Oxalá possa regressar, mais tarde, para continuar a ser porta-bandeira e porta-voz. Apesar da época meteórica que vivemos - no futebol e não só -, das famas e carreiras feitas e desfeitas num ápice, ainda há os que provam ser uma mais-valia continuada. No futebol jogado em Portugal, não conheço melhor exemplo.
Recordo os momentos em que foi desviado da frente de ataque para a posição de playmaker - com êxito assinalável, tendo em conta a sua técnica e a visão de jogo. Lembro os momentos de sufoco para a sua equipa, em que foi sempre capaz de dar o exemplo e, sem esquecer o seu papel primordial de atacante, apareceu como primeiro defensor. Evoco, em nome da épocas mais recentes, a sua infinita disponibilidade para uma longa permanência no banco de suplentes - e até na bancada - em nome dos interesses da equipa, sem que se lhe ouvisse um queixume público, sem que reclamasse a antiguidade como um posto, antes mantendo viva e activa a autoridade natural ganha no balneário e no “grupo de trabalho”, chegando a dar o peito às balas mesmo sem entrar em campo.
Agora, sem fazer ondas nem lançar recriminações contra ninguém, anunciou a disposição de deixar o clube que o fez gente no mundo do futebol e que ele próprio ajudou a engrandecer. Tê-lo-á feito depois de uma prolongada reflexão e por ter concluído que maior do que o seu amor à camisola só há mesmo outro amor: aquele que dedica à sua actividade profissional, que é uma paixão chamada futebol. Mais uma vez, o capitão voltou a ser discreto, limitando-se a defender que ainda se sente à altura de jogar e de partilhar alegrias sobre os relvados.
Chegou a ser um mal amado na equipa, mesmo pelos que reconheciam a sua importância nos equilíbrios no clube. O facto de ser um jogador fino - nada tem a ver com défices de entrega e de alma - levou-o a receber assobios. Hoje, é aceite como símbolo, algo que herda em via directa de alguns dos maiores de sempre no clube que representa. E não é preciso ser adivinho para vaticinar que o Benfica, mesmo em fase de poder e de saúde, vai sentir a falta de um homem - e de um jogador - como Nuno Gomes. Oxalá possa regressar, mais tarde, para continuar a ser porta-bandeira e porta-voz. Apesar da época meteórica que vivemos - no futebol e não só -, das famas e carreiras feitas e desfeitas num ápice, ainda há os que provam ser uma mais-valia continuada. No futebol jogado em Portugal, não conheço melhor exemplo.
João Gobern in Record
1 comentário:
Subscrevo as palavras do Gobern.
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