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quarta-feira, janeiro 05, 2011

Luís Seara Cardoso: Mais Benfica

O Benfica ganhou, o FC Porto perdeu. Era para a Taça da Liga? E não conta? O Benfica ganhou bem frente ao Marítimo, o FC Porto perdeu bem frente ao Nacional. Acabou o mito da equipa invencível? Para mais no seu reduto? Que consequências?

Na primeira metade da competição, nem o FC Porto foi tão bom nem o Benfica foi tão fraco. Nas primeiras jornadas, sobretudo nessas, as decisões arbitrais lesaram o Benfica, as mesmas decisões arbitrais beneficiaram o FC Porto. Que dizer? Se houvesse equidade, se houvesse justiça, no mínimo, nesta altura, o Benfica estaria encostado ao FC Porto na pauta classificativa.

E a segunda metade da temporada? O FC Porto voltará, seguramente, a perder jogos. E o Benfica? Pode fazer uma campanha imaculada? Certamente que nem tudo serão rosas, mas é indubitável o crescendo de produção do conjunto. O Benfica terminou bem o ano ante o Rio Ave, o Benfica começou bem o novo ano ante o Marítimo.

Não há razões para que o universo benfiquista perca a confiança na equipa. Ao invés, há razões para acreditar que a época ainda pode traduzir-se em vários sucessos. Na Liga Europa? Por que não? Na Taça de Portugal, na Taça da Liga? Por que não. Mesmo no campeonato? Por que não?

É manifesto que há mais e melhor Benfica. Os dados estão lançados. As vitórias trazem vitórias. O sucesso traz sucesso. A equipa exibe-se com mais consistência, com mais competência. Chega? Chega, no mínimo, para que os benfiquistas acreditem num primeiro semestre de 2011 com transporte ao êxito. Ao êxito rubro...

Luís Seara Cardoso in Record online

quinta-feira, dezembro 09, 2010

João Gobern: "Esforços e reforços"

Seria útil que Jorge Jesus tivesse utilizado os vinte minutos em que, ontem, o Benfica esteve matematicamente afastado da continuidade nas competições europeias para repensar as suas intervenções públicas. É certo que fazer confluir para um só homem as culpas de uma exibição desastrada e abúlica, tão arrastada como se do resultado não dependesse o (relativo) equilíbrio financeiro e a salvaguarda da última fatia do prestígio amealhado na época passada, assume foros de injustiça – afinal, o treinador não pode entrar em campo para empurrar os jogadores… Do mesmo modo, é verdade que, nas declarações do técnico de um grande clube, há que contar sempre com uma percentagem reservada à motivação do plantel e ao empolgamento dos adeptos. Mas o grave, neste caso, está no abismo que emerge entre o que se diz e o que se vê.

Sejamos honestos: com exceção de uma hora frente ao Lyon, na partida da Luz, a participação do Benfica na Liga dos Campeões fica abaixo do medíocre, tanto pelas exibições como pelos resultados. O que fica para a história são quatro derrotas em seis jogos e a desvantagem no marcador face a todos os oponentes: 1-4 frente ao Schalke 04, 4-5 na soma com o Lyon, até 2-3 nos desfechos com o Hapoel. Mais: os benfiquistas que suspiraram de alívio com o golo de Lacazette não vão esquecer que a sua equipa entrou a depender de si própria e acabou a rezar pelo milagre em Lyon. Antes de mais esta pintura esborratada, já Jorge Jesus tinha defendido que o Benfica poderia chegar mais longe na Liga Europa do que fez na época passada. Só para avivar a memória: o campeão nacional despediu-se nos quartos-de-final. O que levanta a questão – a jogar assim, sem pressão, alta ou baixa, sem velocidade, alta ou baixa, sem eficácia, ao invés da última época, alguém acredita na verosimilhança deste objetivo?

Épreciso mudar muita coisa, a começar pela atitude. Como é indispensável desvendar o grande mistério da temporada benfiquista: se os jogadores são praticamente os mesmos (e Jesus teve tempo e dinheiro para substituir à altura Di María e Ramires), de onde vêm tantas diferenças? Vem aí o mercado de Janeiro e a tentação pelos reforços é grande, mesmo tendo consciência de que é muito mais difícil fazer bons negócios no Inverno. Talvez por isso, se troque o reforço pelo esforço: sem a resolução das maleitas internas, os que vierem podem alinhar no lado dos problemas e não das soluções. Acima de tudo, o Benfica precisa jogar mais e melhor. Caso contrário, ficará a falar sozinho, quando protestar contra os Elmanos desta vida. Claro que a reclamação é justa, nas primeiro é necessário fazer pela vida dentro de campo. Chama-se autoridade moral, se não me engano.

João Gobern in Record online

domingo, dezembro 05, 2010

Domingos Amaral: Saber perder

From: Domingos Amaral

To: José Mourinho

Caro José Mourinho

Notável, a forma como reagiste à maior derrota da tua carreira, a goleada de segunda-feira em Camp Nou. A digestão foi fácil, disseste, porque a tua equipa jogou muito mal e o Barcelona muito bem; e também porque não houve razões de queixa da arbitragem ou bolas ao poste. Tiro-te o meu chapéu, em dose tripla. Primeiro, porque é verdade, o Real esteve muito fraco e o adversário muito inspirado. Depois, porque discutir as vitórias alheias, barafustando contra árbitros ou alimentando polémicas estéreis, é a melhor forma de encapotar as fraquezas, negando a realidade, e isso é o mais habitual, principalmente entre os lusitanos. Ao surpreenderes toda a gente com a verdade, mataste qualquer discussão. Apenas cinco dias depois do jogo, já passou, não ficou nenhum trauma ou celeuma. Foi brilhante a forma como retiraste a pressão à tua equipa, diluindo a dor de 5 golos em 5 minutos. E, em terceiro lugar, tiro-te o meu chapéu porque ao dizeres o que disseste, provas que és mesmo o melhor do Mundo, pois evoluíste. No Porto, no Chelsea, mesmo no Inter, havia sempre em ti um perfume de mau perder. Agora, há maturidade e verdade. Como dizia Darwin, quem sobrevive não são os mais fortes, mas os mais adaptáveis…

A diferença cá para os nossos é abissal. Jesus, depois de levar 5 do FC Porto, só falava em Hulk, justificando-se, metendo os pés pelas mãos, vergado e humilhado. Villas-Boas, por seu lado, por cada empate enlouquece e é expulso, levando-nos a questionar o que faria se tivesse perdido. Que diferença…

Domingos Amaral in Record online

quarta-feira, dezembro 01, 2010

João Gobern: "15 segundos"

Para se ser agreste em televisão, sem ficar mal no “boneco”, é preciso experiência, talento, sentido de oportunidade e elegância. Recordo, por exemplar, uma “entrevista” de Joaquim Letria a uma cadeira vazia – aquela em que deveria estar sentado um ministro que, depois de confirmar a presença, “desapareceu” para parte incerta. Lembro, por categórico, o momento em que um líder (já extinto) da Direita portuguesa insinuou perante José Alberto Carvalho que este se limitava a reproduzir perguntas “sopradas” da régie. O jornalista retirou o auricular do ouvido e, daí em diante, deixou o seu interlocutor suar (literalmente) as estopinhas.

No domingo, após o jogo entre Beira-Mar e o Benfica, um “repórter” da TVI – cujo nome propositadamente já esqueci – apresentou a sua candidatura aos famigerados 15 minutos de fama referidos por Andy Warhol. Fê-lo de forma atabalhoada: na “flash interview” com Jorge Jesus, saltou das ocorrências da partida para um alegado “ambiente de balneário” e para um “momento de contestação” ao técnico. Jesus ainda respondeu à primeira. À segunda, soltou o já famoso “então tchau”. Ora tivesse a coisa ficado por aí e passava. Nada disso: balanceado nos seus 15… segundos, o “repórter” decidiu lançar um ataque à Benfica TV (e à opção de o clube antecipar no canal os jogos da Liga) e acabar a proclamar que “ali” é ele quem decide as perguntas. Acontece que não é – e a ignorância da lei não aproveita ao prevaricador. Segundo os regulamentos das “flash interviews” – inventadas para “cobrir” mais uma janela publicitária e para colecionar um “sound byte”, de quando em vez –, as perguntas devem cingir-se ao recém-terminado jogo. Não foi o caso. E não vale a pena a TVI ou algum dos seus responsáveis invocar a defesa superior do jornalismo; quando se tornou compradora das transmissões sabia o que dizia o regulamento. Tal como sabe Sousa Martins que, na noite seguinte, no programa “Prolongamento”, tentou argumentar que ninguém o cumpria. Mau serviço, rapazes. Acredito que seja um caso de ignorância, mais do que de má vontade. Mas foi para situações como estas que se criaram os pedidos de desculpas.

Pior, muito pior, foi o comunicado publicado em nome do FC Porto. O problema não lhe dizia, de todo em todo, respeito. Só uma obsessão guerrilheira justifica o “parecer”, por acaso subscrito por quem também é campeão no “blackout”. Tenho, de resto, a ideia de um diretor de comunicação a insultar e ameaçar um antigo colega da RTP por causa de uma questão mais incómoda – deve ser engano meu… A alusão aos “filmes de gangsters”, vinda de quem vem, evoca diretamente outro género cinematográfico: a comédia. Se tivesse graça, não seria um drama.
João Gobern in Record

terça-feira, novembro 23, 2010

O regresso das quinas

Em fim-de-semana de Taça e com o Benfica-Sp. Braga adiado, dedico estas linhas à reflexão. Haverá quem lhe chame “bater no ceguinho”, “malhar no morto” ou expressões semelhantes. Mas as vacas gordas de quarta-feira passada, como disse e bem Paulo Bento, só dão “prestígio”.

É extraordinária a diferença entre a Seleção que enfrentou a Espanha no Mundial, em junho, e a que se apresentou na Luz para, juntamente com os campeões da Europa e do Mundo, promover a candidatura Ibérica à competição maior do futebol de nações.

Não há volta a dar: Carlos Queiroz deu cabo disto. Sempre afirmei o meu desgosto profundo por ter o professor à frente da Seleção. E tinha razão. Preferia não ter. Preferia não ouvir o CR7 e companheiros a dizer nas entrelinhas “andaram a tramar-nos”. Mas é importante mantermos na memória os últimos dois anos do nosso futebol. Pelo seguinte: os convocados por Paulo Bento são sensivelmente os mesmos, com Carlos Martins, Moutinho, Nani e Pepe recuperados; a estrutura federativa – mal, muito mal – é a mesma. Os resultados, as relações de trabalho e o salário do selecionador é que são outros. Um treinador que não é doutorado senão na sua tranquilidade própria, que saiu do SCP com o clube em baixa mas que desconhece a soberba vaidosa e fala para interlocutores de qualquer altura. Que não segrega à mesa de jantar, estrelas das chuteiras para um lado e roupeiros para outro. E que tinha dois jogos de qualificação para ganhar e uma candidatura para promover – ganhou os três.

Mas a estrada ainda está cheia de buracos. Serão muitos meses sem jogar e a mesma urgência desgraçada em ganhar todos os jogos de sempre. Mas mesmo sem bandeiras à janela, quarta-feira as quinas regressaram à bandeira verde e rubra.

Marta Rebelo in Record

domingo, novembro 21, 2010

Domingos Amaral: O Queque azul

From: Domingos Amaral

To: Rui Moreira

Caro Rui Moreira

Na última crónica, em p.s., sugeri que o senhor se colocasse a 20 metros, para eu lhe atirar bolas de golfe, tal como os Super Dragões fizeram ao Roberto. Era uma provocaçãozinha brincalhona, uma bravata inofensiva, mas não era um insulto pessoal. Para meu espanto, e qual fidalgo atingido pelo ferrete da desonra, o senhor rebentou de raiva ao ler-me. Na sua prosa do jornal “A Bola”, perturbadíssimo, dispara-me uma rajada de insultos. Espuma, e nem refere o meu nome; bufa, e chama-me “vintém”; vocifera, e diz que de mim “exala um terrível fedor”; e por fim explode, acusando-me de “proselitismo anacrónico, patético e provinciano”.

À avalancha de palavreado, e à excitação, indignadíssima mas totalmente desnecessária, não tenciono responder na mesma moeda. O chá que em pequeno me deram a tomar teve, até certo ponto, o seu efeito. Não lhe envio de volta adjetivos grosseiros, nem insultos pessoais. Ao contrário do senhor, não perco a cabeça e as maneiras por dá cá aquela palha.

Não resisto, porém, a espetar-lhe um ferro curto. Diz o senhor que “não há pachorra” para mim. A expressão lembrou-me certas tias queques e os seus muito afetados lamentos, do tipo “ai filho, não há pachorra!”.

É o que o senhor é, não é verdade? Um queque, um queque azul. Ora, é precisamente por causa de tiques desses que duvido das suas ambições presidenciais no FC Porto. O povo azul e branco sempre desconfiou dos queques, por mais esforçados que eles fossem. O último que chegou a presidente teve o destino que todos sabemos.

Domingos Amaral in Record

Miguel Góis: Mais mentiras!

É de uma assinalável humildade a teoria expressa por André Villas-Boas segundo a qual o FC Porto podia ter sido campeão na época passada, se o Hulk não tivesse sido castigado. Está-lhe subjacente a ideia de que, como treinador, ele não veio acrescentar nada ao FC Porto do ano passado, e ao rendimento do Hulk em particular, que não estivesse já lá, na era Jesualdo. Tem andado, portanto, a folgar, o André. Só não se percebe, então, tanto elogio ao seu trabalho. Mas não me interpretem mal: pessoalmente, também tinha curiosidade em ver o Hulk de 2010/11 a jogar na época 2009/10. Trazia um toque de ficção científica ao campeonato português.

Mas há sobretudo uma nota de fantasia e sonho nesta teoria do jovem treinador. É possível até que Villas-Boas tenha tanta perspicácia na análise de tabelas classificativas como na observação de lances polémicos dentro da grande área adversária. Analisemos os factos, esses desmancha-prazeres: fazendo as contas – e tendo em mente que, antes de Hulk ser castigado, o Benfica levava uma vantagem de quatro pontos em relação ao FC Porto e que, a partir daí até ao final, só perdeu cinco pontos (empate em Setúbal e derrota nas Antas) –, seria necessário que o FC Porto vencesse todas as partidas – repito, todas as partidas – da segunda volta do campeonato para que se pudesse sagrar campeão nacional.
Ora, hoje em dia, toda a gente concorda que o FC Porto está a fazer uma época excecional e nem assim conseguiu esse feito: em 11 jornadas já têm um empate. Ou seja, a modéstia de Villas-Boas é ainda maior do que supunha: na verdade, o treinador assume, sem assombros, que o FC Porto de Jesualdo, não fosse o castigo de Hulk, poderia ter sido bem superior ao seu. Quem diz que não há fair play no FC Porto?
Miguel Góis in Record

quinta-feira, novembro 18, 2010

João Gobern: "O melhor exemplo"

Terá perdido, em múltiplas ocasiões, oportunidades de se insinuar junto dos “tribunais populares”, permeáveis ao gesto largo e espalhafatoso, por ser discreto e por ter ganho a calma que os longos anos de futebol e de “casa” lhe valem. Dir-se-á, até, que nos anos mais chegados, desvalorizando a ansiedade pelo golo a favor do jogo em prol da equipa, também se tinha tornado um atleta discreto. Tal não impediu que, em ocasiões distintas e pela voz de comando de sucessivos treinadores, tenha sido chamado a múltiplas missões e a todas elas se tenha entregue com igual fervor e aplicação.
Recordo os momentos em que foi desviado da frente de ataque para a posição de playmaker - com êxito assinalável, tendo em conta a sua técnica e a visão de jogo. Lembro os momentos de sufoco para a sua equipa, em que foi sempre capaz de dar o exemplo e, sem esquecer o seu papel primordial de atacante, apareceu como primeiro defensor. Evoco, em nome da épocas mais recentes, a sua infinita disponibilidade para uma longa permanência no banco de suplentes - e até na bancada - em nome dos interesses da equipa, sem que se lhe ouvisse um queixume público, sem que reclamasse a antiguidade como um posto, antes mantendo viva e activa a autoridade natural ganha no balneário e no “grupo de trabalho”, chegando a dar o peito às balas mesmo sem entrar em campo.
Agora, sem fazer ondas nem lançar recriminações contra ninguém, anunciou a disposição de deixar o clube que o fez gente no mundo do futebol e que ele próprio ajudou a engrandecer. Tê-lo-á feito depois de uma prolongada reflexão e por ter concluído que maior do que o seu amor à camisola só há mesmo outro amor: aquele que dedica à sua actividade profissional, que é uma paixão chamada futebol. Mais uma vez, o capitão voltou a ser discreto, limitando-se a defender que ainda se sente à altura de jogar e de partilhar alegrias sobre os relvados.
Chegou a ser um mal amado na equipa, mesmo pelos que reconheciam a sua importância nos equilíbrios no clube. O facto de ser um jogador fino - nada tem a ver com défices de entrega e de alma - levou-o a receber assobios. Hoje, é aceite como símbolo, algo que herda em via directa de alguns dos maiores de sempre no clube que representa. E não é preciso ser adivinho para vaticinar que o Benfica, mesmo em fase de poder e de saúde, vai sentir a falta de um homem - e de um jogador - como Nuno Gomes. Oxalá possa regressar, mais tarde, para continuar a ser porta-bandeira e porta-voz. Apesar da época meteórica que vivemos - no futebol e não só -, das famas e carreiras feitas e desfeitas num ápice, ainda há os que provam ser uma mais-valia continuada. No futebol jogado em Portugal, não conheço melhor exemplo.
João Gobern in Record

segunda-feira, novembro 15, 2010

A noite de Gáitan

Esta semana muitas pessoas me perguntaram se tinha deixado de gostar do mister, dado o fim do namoro que aqui ditei no rescaldo do Dragão. Gosto muito do mister, e acho muito bem que Luís Filipe Vieira afirme que JJ “não está a prazo”. Para mim, apesar da emotividade com que vivo o meu Glorioso, ninguém passa de bestial a besta assim. E vice-versa. Mas o mister errou.

Ontem foi uma noite de constatações. Há algumas verdades populares incontornáveis e uma delas é que em equipa vencedora não se mexe. Sem capitão mas com quase toda a gente no lugar, vencemos a Naval por 4-0. Não sem esforço de Roberto que, mais de 600 minutos depois, acho finalmente bestial. Mas o ponto de interrogação foi-me perseguindo partida afora. Saviola fez o que só ele sabe e na 5.ª assistência para golo serviu Kardec aos 10’: mister, por que raio ficou El Conejito no banco, há uma semana? 5’ depois Gaitán assiste Aimar, e lá vem a interrogação: mister, por que é que no Porto o Gaitán só entrou após o intervalo? E a questão ganhou força aos 47’ e aos 62’, com dois belos golos do argentino.

A Naval nunca se resignou, mas se no Dragão metemos água ontem nem a vencer por 3 pusemos água no jogo. O nosso meio-campo recuado ressentiu-se da falta de Javi e mostrou pouca consistência, e o contra-ataque trouxe-nos perigo. Airton não ocupa espaço, não trava ou recupera como Javi. Confirmaram-se as parcas competências de Sidnei e David Luiz ainda está de cabeça perdida. Mas, como dizia o meu amigo António Machado, velha glória do Benfica de Castelo Branco, a noite era de Gaitán. Provou-se que o flanco esquerdo, com a dupla

Coentrão/Gaitán, faz bonito e não vale a pena inventar. Nuno Gomes entrou, marcou e chorou. Aos 89’ chorei com o 21. A noite acabou em festa grande. Até Aveiro.

Marta Rebelo in Record

segunda-feira, outubro 04, 2010

Grande Bisga

A história faz as pazes com o passado muitas vezes. E Paulo Bento, com a sua convocatória a Carlos Martins, inspirou o número 17 do Benfica. Cabeça fria e coração quente, é a receita do Sr. Tranquilidade para o confronto com a Dinamarca. Ontem à noite, só ligaram os 22 à tomada na segunda parte. Na entrada em campo, viu-se estratégia, manha e muita tática. Servida a frio e com chuva: o Glorioso a jogar avançado no terreno e o Sp. Braga atrasado a apostar no contra-ataque; muita posse de bola para o Benfica, algumas jogadas rápidas e perigosas dos arsenalistas.

Foi um SLB irregular, o mesmo desta época, que jogou a noite passada. Mas com um Senhor Aimar e um Martins endiabrado, que fizeram o jogo e os três pontos. Grandes bisgas de Carlos Martins, na carreira de tiro. Aliás, este na ala direita, em rotação ao centro com Pablito, foi uma boa solução destra para esta partida. Bem dizia eu há uma semana que Coentrão tinha de recuar à defesa com o SCB, que este não era jogo para Peixotos (assobiado na entrada, a 5’ do fim). Mas Fábio ficou cá atrás, com uma parede bracarense a tapar-lhe as subidas. E sem ele, a velocidade ficou-se pelas pernas de Aimar que mete muita mecha nos primeiros 45’. Mas Carlos Martins compensou. É que cá atrás, Maxi continua a pagar a despesa física do Mundial e David Luiz continua muito nervoso. Já estávamos todos muito nervosos, aliás, quando, de pé canhoto, à oitava tentativa, um balázio de Martins dá 3 pontos. Saviola não concretiza, mas assiste como só ele.

Depois veio o turbilhão e 6 minutos de compensações. Quem é que Duarte Gomes queria compensar? Foram 6 para compensar os 5 pontos que Domingos queria levar de avanço, à saída da Luz? Paciência.

Kardec, tiveste a tua oportunidade de fazer de Tacuara. Continua à escuta e manda postais. Ai, escutas é que não.

Marta Rebelo in Record

sábado, setembro 25, 2010

Miguel Góis: Eu acredito!

Pessoalmente, sempre gostei muito de ficção científica. Talvez por isso tenha apreciado de forma particular a seguinte pergunta que um jornalista fez, esta semana, a André Villas-Boas: “Coloque-se perante este cenário: no jogo com o Olhanense, o FC Porto é prejudicado pelo árbitro…”

Assim, de repente, lembro-me de vários episódios do “Star trek” com pontos de partida mais verosímeis. Por outro lado, na ressaca da falência do comunismo, podemos estar perante o dealbar de uma nova utopia vermelha – milhões de seres humanos, espalhados pelo Mundo inteiro, que acreditam ser possível construir uma sociedade onde um árbitro marque um penálti contra o FC Porto! Eu acredito! Junte-se o leitor também a este movimento! André Villas-Boas já o fez, nomeadamente quando, em resposta à pergunta acima citada, afirmou: “Há de chegar o dia em que nós nos sentiremos injustiçados (…).” Ele também acredita!

Mas o treinador do FC Porto ainda teve tempo para comentar a reação do Benfica à arbitragem de Olegário Benquerença: “O refúgio para as derrotas vai sempre ser o mesmo”. Isto vindo de um homem que nunca se refugiou na arbitragem para justificar as derrotas tem outra credibilidade. Infelizmente, André Villas-Boas não é esse homem. Basta recordar as suas palavras na última partida que o FC Porto perdeu, em agosto, no Torneio de Paris: “É um árbitro que ajudou à festa dos clubes franceses do torneio (…) Sinto um sentimento de injustiça perante o que se passou no golo”. Só quem já foi prejudicado num lance – e não em quatro – de um jogo particular – e não de uma partida a contar para o campeonato – é que consegue compreender este sentimento de revolta.

Miguel Góis, in Record

quarta-feira, setembro 01, 2010

Finalmente...

Terminado oficialmente o período das transferências, é com extrema satisfação que vejo os craques do Benfica permanecerem no Maior Clube do Mundo! Se acreditasse em todas as notícias de alguns jornais o actual plantel do Benfica já estava desfeito e os reforços chegavam em catadupa.
Desde o fim da última época que os boatos foram uma constante. Recordo-me bem de o Jornal Record ter noticiado, antes da saída de Di Maria, a transferência certa de David Luiz e quase certa de Di Maria para o Real Madrid. Apenas Di Maria saiu. Hoje noticiam que Jesus já respira de alívio porque as pérolas (David Luiz e Fábio Coentrão) continuam no Clube. Mas quando se envia um comentário a dizer as verdades eles não publicam. Enfim... Por muito que lhes custe, vão ter que ver o David Luiz pelo menos mais uma época de encarnado.
Mas não foi só o Record! Foi mal geral! A especulação foi muita sobre entradas e saídas. Após a última contratação, Salvio, muitos reforços chegaram ao Benfica através das páginas dos jornais, mas não passaram daí!
O facto do Benfica não ter feito mais nenhuma contratação, não me preocupa. Preocupava-me bem mais a saída de alguns jogadores. Foi melhor assim. Temos um bom plantel. Rodrigo foi emprestado ao Bolton de Inglaterra durante uma época. O jovem Nélson Oliveira jogará esta época pelo Paços de Ferreira e Jan Oblak foi emprestado ao Beira-Mar. Estão 27 jogadores inscritos, incluindo Pedro Mantorras. Confio no trabalho que está a ser feito e acredito que todos juntos vamos conseguir o Bi-Campeonato!

quarta-feira, agosto 18, 2010

Onde está a força mental, Benfica?

Nos últimos tempos não tenho tido muito tempo para dedicar ao blog, o mesmo tem sido assegurado pela outra contribuidora, ana_slb. Mas há muito que andava para escrever, e hoje não passa, apesar de estar a banhos nas águas mediterrâneas.
Apesar de o tempo nesta altura ser aproveitado para fazer aquilo que não faço ao longo do ano, não deixo de estar atento à vida diária do meu Benfica, o clube campeão nacional, que tantas alegrias me deu no ano passado.
Acabei de ler uma crónica do Domingos Amaral publicada no Record, mas lida no blog, http://slbenficacronicaseimagens.blogspot.com, que vou transcrever:

"To: Ruben Amorim
Caro Ruben Amorim


Na sexta-feira, declaraste que o campeonato este ano ia ser “mais difícil”, pois os adversários do Benfica estavam “mais fortes”. A tua frase é na aparência uma espécie de verdade de La Palisse, repetida por muitos esta semana. Mas preocupou-me, pois revela até que ponto o balneário da Luz já está a interiorizar duas perigosas ideias: a de que o Benfica está pior, e a que os outros estão melhores. A tua revelação pública não revela pois realismo e lucidez, mas sim desconfiança sobre si próprio e algum deslumbramento prematuro com os adversários. É uma manifestação daquilo que considero que o Benfica perdeu esta época: a força mental, a crença, a convicção inabalável na vitória. Há um ano, o que se ouviam era frases descaradas de Jesus, a dizer que a “equipa ia jogar o dobro” e que “ia ser campeão”. Agora, é isto que temos.

Ainda por cima, como se viu nos jogos dos adversários, as coisas não mudaram quase nada. O Braga ganhou ao recém-chegado, mas aguerrido e descarado, Portimonense que ainda lhe pregou um susto na segunda parte. Não mostrou novidades, não está melhor nem pior que o ano passado.

No sábado, o FC Porto do bestial Villas-Boas viu-se e desejou-se para ganhar à Naval, e só um penálti pateta e desnecessário de um distraído defesa lhe possibilitou uma curta vitória. E quanto ao Sporting, como se viu na Mata Real, continua a sua via sacra. Se isto são adversários mais fortes, vou ali e já venho."

Finalmente encontro alguém lúcido a fazer uma abordagem clara da realidade. O Benfica continua a ter uma grande equipa com mecanismos próprios de jogo para cada zona do terreno e teve o infortúnio de ter 3 derrotas seguidas, sim, porque perder num amigável, também faz mossa. É certo que perdemos 3 titulares indiscutíveis, Quim, Di Maria e Ramires. Mas para o lugar de Quim, temos Roberto, um guarda-redes que ainda nos vai dar muitas alegrias, deixo-no adaptar-se à realidade do clube e depois falamos. É certo que podíamos ter mantido o Quim, de forma a que ele se adaptasse, que tínhamos o Eduardo, titular da selecção, por metade do preço, mas a escolha caiu no Roberto, por ser uma aposta de futuro e vai dar os seus frutos. Di Maria era o jogador que desequilibrava nas horas de aflição, mas também tinha jogos para esquecer. Se bem me lembro, o ano passado ganhamos todos os jogos em que o Di não jogou. Agora difícil, vai ser substituir Ramires, para mim, um dos melhores jogadores do Benfica do ano passado, com características que mais ninguém tem no nosso campeonato. Defende, ataca, é rápido, versátil, tem visão de jogo e joga a titular em muitos jogos na selecção do país que fabrica jogadores como o Brasil. Por alguma razão, vai vestir a camisola do campeão inglês. E este sim, é o único que não vamos conseguir substituir à altura.
Mas isso só se vai notar, se olharmos jogador a jogador, se voltarmos a olhar para o Benfica como olhávamos no ano passado, não vamos olhar para um jogador em particular, mas sim, para um rolo compressor, como dizia o Pedro Ribeiro, que cilindra tudo o que lhe aparece à frente.
O Benfica mantém um excelente treinador e tem dos melhores jogadores da nossa liga, agora porque perdemos 3 jogos já não vale nada? Há jornais a trabalhar e bem nesse sentido, apontando mil e uma contratações. O Benfica é forte, está forte e vai aparecer para cilindrar e dar-nos muitas alegrias. Falta apenas aquela mentalidade ganhadora que tínhamos no ano passado. Nada de choraminguices e vamos em frente.

Carrega Benfica, o Marquês do Pombal espera-nos, vamos voltar a colori-lo de encarnado!

terça-feira, maio 18, 2010

A derrota que dói

Jorge Jesus construiu mesmo o melhor Benfica em mais de 20 anos, com vantagem estatística em todos os itens da Liga Sagres (por exemplo, mais 30 golos marcados que o Sporting de Braga). Luís Filipe Vieira bem pode aplicar todo o engenho em segurar o treinador, que foi de Jesus o toque de Midas que transformou vermelho em ouro. E esta foi mais que uma vitória para o Benfica, foi mesmo "a" vitória. Porque categórica, ao contrário da de Trapattoni em que houve essencialmente demérito da concorrência, mas também porque indispensável ao projeto de Vieira que tão questionado era no quente momento pré-eleitoral do ano passado. Internamente, a oposição apagou-se ao ver o Benfica vencer (vencer), Rui Costa está regenerado e Vieira surge como o homem que acabou por ter razão. No futebol só se tem razão quando se ganha.

Por isso ninguém tem razão no Sporting e no Porto este ano. E a análise do fracasso dos rivais tem de ser indexada, a meu ver em primeira lugar, ao sucesso do Benfica. O Sporting, com uma estrutura mais frágil e um plantel de inferiores soluções, foi o primeiro a sofrer com o arranque fulgurante do rival de sempre. Paulo Bento admitiu-o na hora da saída. Carlos Carvalhal sofreu com isso e nem a grande dignidade demonstrada impediu uma desvantagem histórica de 28 pontos.

O FC Porto demorou a acreditar que este Benfica era diferente. O estado de negação foi evidente e foi fatal. Notou-se no discurso dos jogadores (que diziam não ver os jogos do rival), dos principais comentadores clubistas (que vaticinaram durante largos meses a queda da equipa de Jesus) e até de Pinto da Costa (que identificou o Braga como grande adversário do Porto). Foi uma sucessão de erros de quem estava habituado a ter razão no fim. Até Jesualdo Ferreira, quando disse que este ano lhe ia dar mais gozo ganhar, alinhou nessa presunção resultante do hábito de que acabaria por ganhar. Que de facto, no futebol, só se tem razão quando se ganha. Quem ganha festeja e quem perda justifica e este ano inverteram-se os papéis. Precisamente no ano em que o Benfica tinha gasto a última reserva dos seus imaginativos financiamentos (com o fundo de jogadores). É isso que mais deve doer a Pinto da Costa. Sentir que falhou a estocada final no adversário de uma vida. Sem esta vitória o Benfica de Vieira poderia estar moribundo. Com ela está forte como nunca.

P.S. Carlos Queiroz escolheu todos os jogadores essenciais - dos que dei aqui como certos não falhei nenhum - mas cometeu erros (Daniel Fernandes é flagrante) nas opções alternativas. Afinal, um pouco como noutros tempos, Quim e Carlos Martins - que deviam estar nos eleitos e nem nos 6 suplentes surgem - estavam mesmo riscados à partida, e o mérito teve menos peso que o anunciado. É o que diz o esquecimento dos dois citados mas também de Daniel Carriço, Ruben Amorim ou Nuno Assis.
Por Carlos Daniel in Record

sexta-feira, maio 14, 2010

Passo em falso

Quim é um daqueles jogadores de futebol a quem a sorte, de quando em vez, parece virar as costas. Mal amado por parte dos adeptos benfiquistas, foi vítima de experiências (todas de resultados desvantajosos para o clube) por alguns técnicos que passaram pela Luz - de Moretto a Butt, foi batendo um a um. Com Jorge Jesus, que provou não brincar em serviço e não olhar a nomes nem a "vacas sagradas", foi totalista na Liga e o guarda-redes menos batido. Não conheço melhor em Portugal, tal como não me recordo, em 2004, de haver quem igualasse Vítor Baía. Deve ser sina - Quim fica de fora da convocatória de Carlos Queiroz, como Baía foi afastado por Scolari. Depois das experiências com Rui Patrício e Hilário, o selecionador optou por eleger Beto (um suplente pouco utilizado) e Daniel Fernandes (quem?). Quim não merecia a desfeita.

De resto, a convocatória de Queiroz contradiz o princípio do mérito que anunciou à chegada - Queiroz escolheu, em múltiplos casos, por hábito ou pelo recurso ao choque, desvalorizando o momento de forma dos atletas e, vamos lá, a devida recompensa depois de uma época em pleno. Exemplos? Ruben Amorim, João Moutinho, Carlos Martins, Daniel Carriço, Nuno Assis, até o experiente Nuno Gomes. Em nome de quê, ou de quem? De Ricardo Costa, pouco utilizado no Lille, de José Castro, de uma obsessão chamada Duda. Resultado: se Deco não recuperar de uma época medíocre e apoquentada no Chelsea, a Seleção prescinde de um centro-campista criativo e dinamizador porque Moutinho, Martins e Assis já estão de férias... Com Raul Meireles longe dos melhores dias, com Miguel periclitante, com uma incógnita chamada Pepe (embora seja louvável a sua manutenção no grupo), poderá defender-se sem demagogias que Amorim não tinha lugar?

No conjunto, Queiroz desdenha de um fator que chega a ser decisivo, o da motivação - depois de uma época categórica do Benfica, consegue a proeza de só incluir um jogador dos campeões nacionais. Sinceramente, desejo que a vida lhe corra bem e que a Seleção possa confirmar a belíssima imagem deixada nos últimos três grandes torneios internacionais, embora o "casting" pareça defensivo e errante. Caso o Mundial não corra de feição, não haverá "plano quinquenal" que lhe valha, nem estabilidade que lhe evite outra saída pela porta dos fundos.

Dito isto, a partir daqui e até ao regresso da expedição africana, a Seleção de Queiroz passa a ser a minha Seleção. Incondicionalmente. As contas fazem-se no fim.

P.S. - Por falar em contas, confesso que tive pena de ver alguns regressar às "vitórias morais". Como a de Falcão - belíssimo jogador descoberto pelos olheiros do Benfica - contra Cardozo, campeão dos marcadores. Muito pode a impotência.
Por João Gobern in Record

sexta-feira, maio 07, 2010

O isqueiro mata

A pergunta impõe-se: quem tem uma maior esperança média de vida? Um indivíduo que fuma um maço de tabaco por dia, ou um jogador do Benfica que leva com um isqueiro nas Antas? Não sei porquê, mas tenho a sensação de que a medicina dedica muito tempo de pesquisa ao primeiro caso, e continua a desprezar olimpicamente o segundo. Por outro lado, não compreendo como é que só os maços de tabaco contêm avisos. Porque não passar a colar nos isqueiros mensagens com, por exemplo, o seguinte teor pedagógico: "Deixar de atirar isqueiros para o relvado reduz o número de escoriações"? Dito isto, se há local em que faz sentido que haja muita gente a deitar isqueiros fora, esse local é as Antas: há lá algumas pessoas que, se dependesse do Ministério Público, estavam hoje num sítio onde é muito complicado arranjar cigarros.

Entretanto, alguns jornais revelaram que, enquanto voavam objetos para o relvado, se jogava uma partida de futebol. Respeitosamente, duvido. Até porque, em vez de futebol, o mais recente FC Porto-Benfica parecia uma prova dos Jogos Sem Fronteiras: a certa altura, o objetivo era ver qual o jogador do Benfica que conseguiria inserir a bola dentro da baliza adversária, tendo para isso que evitar os jogadores do FC Porto que se lançavam ao chão sem que alguém lhes tocasse, e ao mesmo tempo contornar as dezenas de isqueiros, telemóveis e tochas que caíam no relvado. Da próxima vez, desconfio que o Aimar vai entrar no relvado das Antas com um saco de batatas nos pés e a segurar uma colher com um ovo na boca.

No meio de tudo isto, estiveram os heroicos jogadores do Benfica, que foram alvo de projetos diametralmente opostos. De um lado, havia os adeptos do FC Porto, que os queriam pôr negros; do outro, o árbitro da partida, que os queria amarelar.

Miguel Góis in Record

sexta-feira, abril 23, 2010

Caro Pedroto

Boa noite, Pedroto. Eu sei que lhe prometi, em janeiro, que este ano lhe ia dedicar a vitória no campeonato. Acontece que depois desta última jornada se tornou matematicamente impossível o FC Porto ser campeão esta época. Por isso, Míster, a minha pergunta é muito simples: dá para trocar pela Taça de Portugal? Não precisa de responder; já sei no que está a pensar - "E se o Desportivo das Chaves decide fazer uma gracinha no Jamor"? Bom, nesse caso, marca-se um triangular de pré-época com o Arrifanense e o Febres Sport Clube, e esse eu garanto que não nos foge.

O que importa é que aqui estou eu, Míster, a assumir o meu lapso. Podia perfeitamente resolver este problema da mesma maneira com que resolvemos os nossos conflitos com a comunicação social, e entrar em blackout com o Além. Bastava colocar aquela senhora inglesa do programa da Júlia Pinheiro a fazer de segurança à porta da sala de imprensa das Antas. Mas não, prefiro estar aqui, num sincero ato de contrição, a falar consigo. E isto não é nada fácil para mim, até porque esta situação faz-me lembrar o clube lampião. Esta época, se quiser falar com o Benfica, também tenho que olhar para cima.

Uma das coisas que mais me entristecem é o facto de muita gente ter considerado de mau gosto eu ter usado a memória de um falecido, com o objetivo de lançar recados para o interior e o exterior do FC Porto. Mas, peço que acredite, eu não tinha remédio: é que cada vez que falo com pessoas que estão vivas, as conversas vão parar ao YouTube. Resta-me despedir e esperar que um dia nos voltemos a encontrar. Se bem que não estou muito confiante que consiga juntar-me a si, aí em cima. Tenho a sensação de que o Purgatório não funciona como a comarca de Gondomar: lamentavelmente, lá as escutas são admissíveis.
Por Miguel Góis in Record

quinta-feira, dezembro 17, 2009

A classe do Porto

Devo dizer que não podia estar mais em desacordo com os analistas que anteveem um forte clima de tensão e frequentes picardias no Benfica-FC Porto do próximo domingo. Arrisco uma previsão contrária: depois do ambiente nos estádios do Sp. Braga e do Olhanense, o confronto com o FC Porto vai ser um amigável. É a idiossincrasia deste campeonato - este ano, o Benfica deve olhar mais para os papistas do que para o Papa. Até porque, desde o início da época, o Porto deixou de ser a capital nacional da intimidação. Tal como as mais bem geridas multinacionais, o FC Porto deslocalizou - passou-se a fabricar climas intimidatórios em Braga e Olhão. Em contrapartida, o FC Porto é, hoje em dia, um clube de cavalheiros.

Miguel Góis em Record, 17 de Dezembro de 2009